Somos solidários: Lamento e pesar pelo ocorrido no Colégio Estadual Helena Kolody(Cambé-PR, 19.06.23)

Na cidade de Cambé-PR (Brasil), na manhã de 19 de junho de 2023, o Colégio Estadual Helena Kolody recebeu em sua recepção um de seu ex-aluno. O jovem, Fernando Amarantino Ribeiro (21 anos) dirigiu-se à esta sua antiga escola e na recepção, após alegar falso motivo de ali estar (solicitação de seu histórico escolar), deu início à uma série de disparos, de arma de fogo, contra alunos quaisquer que alcançasse.

O motivo: Tirar a vida de estudantes por volta de 15 anos, como forma de se vingar do “bullying” do qual afirma ter sofrido no período que esteve na instituição (1º ao 7º ano), até quando a deixou, por volta de 2014. Foram 16 disparos e, dois adolescentes foram brutalmente atingidos com tiros na cabeça. A aluna, Karoline Verri Alves (17 anos), morreu no local e o seu namorado, o estudante Luan Augusto da Silva (16 anos), morreu na madrugada de terça-feira (20.06.23), no Hospital Universitário de Londrina-PR.

Levado à prisão, na cidade de Londrina-PR, vizinha de Cambé, o atirador confessou que o ataque fora intencional, planejado meses antes, com a intenção de eliminar vidas com idade aproximada de 15 anos, o que o lembrava seus colegas que o ofendiam ao final de seu tempo de estudante na instituição. No depoimento, disse ser portador de esquizofrenia, e, que faz acompanhamento psiquiátrico junto à Secretaria de Saúde da cidade de Rolândia-PR, próxima à cidade de Cambé. Hoje, 21 de junho de 2023, acordamos com os jornais noticiando-nos que o assassino cometera suicídio, na sela onde estava preso e, que autoridades estão cuidado do caso.

A sociedade brasileira, se vê novamente chocada, acompanhando esta triste e lamentável tragédia que interrompeu a vida e a história de dois alunos inocentes. Suas famílias “num piscar de olhos”, viram-se devastadas, paralisadas e destruídas. Não se descreve com palavras, o quanto esta cena, abalou toda a escola, impôs o medo e o terror na cidade e nas instituições educacionais, esportivas, hospitalares, nos comércios, nos Shoppings, nos espaços de entretenimento e lazer. Este pavor, atinge o coração do Brasil, todos os seus lares.

Estamos encerrando o primeiro semestre de 2023, com as Escolas de Ensino Fundamental e Médio no Brasil, nos diversos Estados Brasileiros, sendo palco de violências como esta. E, cada vez que somos golpeados com uma tragédia desta natureza, vemos perecer a nossa liberdade de ir e vir. Pois, tanto os ambientes fechados e abertos, as ruas e as praças, tem sido tomado e tombado por um cidadão, que se julga no direito consciente ou não, com boa saúde mental ou não, de fazer inocentes pagarem por algum sofrimento pessoal seu, do qual as vítimas nada tem a ver

JUNTO À TRISTEZA E DOR DO NOSSO CORAÇÃO, NOSSA MENTE É TOMADA POR TANTAS PERGUNTAS?
Para onde iremos nós, diante de um cenário deste, que vem aumentando-se estarrecedora e, estatisticamente, transformando o nosso país num lugar de perigo contra a segurança pessoal devido à violência e criminalidade? Somos uma nação temida e suspeita mundo afora, em função deste ambiente assustador.

O que dizer às famílias enlutadas? O que dizer aos pais dos demais alunos desta escola? O que dizer à direção da escola, à pessoa que recebeu o assassino na recepção? Como acolher os coordenadores, aos professores e alunos, que chegaram na segunda para dar segmento com a semana escolar e foram tomados por esta cena traumatizante? O que dizer aos colegas de sala das vítimas? O que dizer às crianças desta escola e aos demais alunos? O que dizer aos alunos portadores de ansiedade e depressão? O que dizer aos seus vizinhos que moram perto da escola, aos amigos e familiares das vítimas?

Quais os impactos e as consequências psicológicas de eventos no cérebro das pessoas que vivenciam este horror? Como fica a saúde mental da família enlutada? Dos que presenciaram e sobreviveram ao ataque? Qual a extensão, a profundidade e intensidade dos prejuízos a curto, longo e médio prazo?

Nós que trabalhamos na área da saúde mental e lidamos com traumas de todas as naturezas, bem sabemos que um evento traumático pode acontecer por meio de uma palavra ou pode vir por meio de um rápido incidente ou acidente voluntário ou involuntário. Neste sentido, seja um trauma leve, moderado ou grave, se não devidamente elaborado, tratado, superado e transcendido, suas marcas acompanharão suas vítimas a partir daquele instante, para sempre, repercutindo inclusive em momentos, áreas e situações de suas vidas, sem que podem imaginar tal correlação. E, na maioria dos casos, terão de conviver com as sequelas físicas e psíquicas, com as lembranças, memórias e emoções originais que insistem em não se dissipar.

COMO COMBÉ, O BRASIL E A SOCIEDADE BRASILEIRA FOI ATINGIDA, ESTÁ ENLUTADA

Em poucos minutos, a vida do povo de Cambé-PR mudou, sua rotina mudou, seu sono mudou. Como vocês, a nossa vida e a nossa rotina também mudaram, para pior. Fatos e tragédias assim, mudam a nossa a percepção do ser humano. O sossego da nossa alma e a nossa segurança pessoal, são sequestrados por um estado de alerta disfuncional de difícil manejo, na maioria das vezes.

Cidade de Cambé, Escola e Famílias, vocês foram atingidos, sentimos muito por vocês, nós também estamos sofrendo. Querida cidade, escola e famílias, toda a sociedade brasileira padece seu sofrimento, tristeza e dor e, juntamente com as demais Instituições Educacionais brasileiras, lamentamos profundamente o ocorrido, expressamos o nosso sincero pesar, honramos e homenageamos os lindos alunos, que tiveram suas vidas interrompidas tão cedo, de forma tão cruel e desumana. Nossos pensamentos, sentimentos e orações estão com vocês.

À família do atirador, também recebem as nossas orações. Ao atirador, nossa tristeza e lamento, por não ter se habilitado em tempo, a fim de evitar manchar sua história e a de sua família, com um legado que nos servirá apenas para revermos os nossos conceitos de: humanidade, civilidade, solidariedade, respeito humano e empatia, dentre tantas virtudes.

Que Deus abençoe a referida Escola, as famílias das vítimas, a família do assassino, as autoridades e a todos nós, enlutados por motivos que a razão humana e a ciência tentam entender.

Que Deus abençoe a nossa nação a você e a mim. Se precisar de ajuda, conte comigo. Estou aqui.

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