O tenebroso 13 de março de 2020! Difícil descrever e esquecer. 

O dia 13 de março de 2020, jamais será esquecido por nós brasileiros, pois, pelo menos aqui em nosso país, este dia marcou o início do período de isolamento social, o famoso “lockdown” (palavra inglesa para designar confinamento), em virtude do assustador avanço da Pandemia da Covid-19, nos quatro continentes.

Esta estratégia de contenção do avanço do vírus, na qual restringia a circulação e o movimento nas ruas, nos ambientes comerciais e públicos, impôs mundialmente um tempo de grande sofrimento físico e psíquico para as pessoas, sobretudo, as mais vulneráveis, como crianças, adolescentes e idosos.

Não houve tempo de nos preparar adequadamente para este incerto momento. Pouquíssimos as pessoas e famílias que se disponham de suficiente espaço físico que lhes acomodasse de forma confortável, com menor impacto em sua saúde mental. 

Passar por este período morando num belo sítio é uma história, mas, viver confinado em um pequeno apartamento, com crianças, adolescentes e idosos, muitos deles em tratamento de câncer ou outra enfermidade, é uma experiência de difícil descrição com palavras. Sobretudo, para as pessoas portadores de transtornos mentais, em uso de medicações, que muitas vezes se encontravam em falta nas farmácias.

No âmbito da saúde, alimentação, educação, lazer, religiosidade, etc., todos os setores da economia foram afetados. Alguns negócios sobreviveram, outros até por sua natureza foram beneficiados nestes difíceis tempos, como por exemplo as mídias e tecnologias.

É um capítulo da história da humanidade que marcou a vida de cada pessoa viva neste século. Um tempo de sofrimento, dor, perdas, lutos. Um tempo que centenas famílias no país e mundo afora, tiveram perdas diversas de ente queridos, amigos, colegas de trabalho, num mesmo dia, semana ou mês. Eu mesma, enquanto escrevo este texto, sofro por lembrar que minha família perdeu três irmãos num período de quatro meses e treze dias. Dois, por Covid-19 e um por infarto.

Foi um tempo de restrições para o abraço, seja para uma celebração de aniversário, de casamento ou para a presença física e toque de solidariedade como forma de consolar os que choravam seus mortos.

Um tempo em que as pessoas foram confrontadas com o sofrimento da forma mais cruel e estarrecedora. Na cidade e nas ruas desertas, só se via e ouvia o barulho das ambulâncias com suas sirenes ligadas, deixando-nos claro que por ali passava alguém precisando de socorro imediato, um deles o oxigênio, que faltou no mundo inteiro.

Um tempo que não havia leitos nos hospitais, não havia espaços nos necrotérios, onde os corpos eram guardados em caminhões containers. Os jornais mostrando os boletins do dia, mostrava as filas nos cemitérios, onde faltava espaço e covas. Um cotidiano que impôs aos coveiros e funcionários deste local, o alto risco de contaminação, além de leva-los inevitavelmente à exaustão e o adoecimento psíquico.  

Um tempo em que os médicos e enfermeiras ao mesmo tempo que cuidavam e tratavam seus doentes, recuperavam-se da Covid-19, ou, eram pelo vírus contaminando. Muitos, de forma resignada perderam suas vidas. Nem destas pessoas este vírus teve piedade.

Um tempo de grandes prejuízos para a economia do Brasil e do mundo. Muitos comércios fecharam, muitos empresários quebraram e até hoje, não se recuperam. Um tempo em que os estádios conheceram o silêncio, as ruas e praças ficaram desertas,as academias fecharam suas portas e os educadores físicos e todos os profissionais de diversas áreas tiveram que se reinventar, sendo os professores os mais destacáveis atores deste tempo.

Um tempo que as igrejas não podiam receber seus fieis para as atividades tão costumeiras da semana e do domingo. Sem saber por onde começar, todos os seguimentos religiosos tiveram que aprender a lidar e desenvolver seu trabalho no formato digital e online. Bendita seja este universo virtual. Bendito mundo da web e da tecnologia, por causa deles o caos não foi pior e não vimos este mundo colapsar de fato e verdade.

Tudo isso é extremamente impactante, porém, não mais do que não se poder despedir de forma digna de um ente querido que teve sua vida ceifada pela Covid-19 ou suas sequelas. Não há palavras que traduza o sofrimento e a dor das famílias que enfrentaram mais de uma perda familiar na semana ou mês. As histórias que nós profissionais da saúde ouvimos e nossos consultórios naqueles dias são estarrecedoras e dolorosas.

Nós que atuamos na saúde, sobretudo, na saúde mental, também ficamos expostos ao Stress, ao Burnout, os quadros depressivos e ansiosos, dentre outras desordens mentais. Neste sentido, houve um exponencial aumentos dos transtornos mentais no mundo inteiro e uma piora daqueles que já enfrentavam estes males.

A alarmante instabilidade social e econômica global, pode ter sido por que o período da Grande Depressão e será um período histórico impossível de se descrever minunciosamente, considerando todas as suas especificidades. Difícil detalhar e esquecer seus impactos e lições em nossas vidas.

Será necessário muito trabalho, por longos anos para que as coisas voltem aos seus devidos lugares, inclusive no âmbito individual das pessoas. Tomando a educação, como exemplo, o impacto e o estrago desta pandemia neste setor, exigirá décadas para os devidos reparos.

Um tempo de caos, piorado pela desinformação que circulou nas redes sociais e nos meios de comunicação de massa. Esta sim, a pior das realidades. Enquanto o mundo gemia de dor e sofrimento uma pequena parte de sua população manteve-se ativa para piorar a vida das pessoas, com as Fake News. Um grande lamento.

Conforme a OMS (Organização Mundial da Saúde), até 25 de fevereiro de 2024, 774. 771.942 casos foram confirmados em 231 países e territórios,[12] com 7.035.337 mortes atribuídas à doença, tornando-se a quinta mais mortal da história. No Brasil, são 38.592.310 de casos registrados e 710.427 mortes.

Poe aqui em nosso país, enquanto lembramos com tristeza deste dia, recebemos a boa notícia de que o Ministério da Saúde, através de sua ministra Dra. Nísia Trindade, divulgou neste início de semana, a criação de um MEMORIAL DA COVID-19, cuja finalidade é manter viva a memória e o papel da ciência durante a pandemia do coronavírus, considerada internacionalmente como uma das maiores emergências sanitárias que o mundo já viveu.

Este Memorial, uma iniciativa do governo brasileiro, está em fase de criação e deve funcionar no Centro Cultural do Ministério da Saúde, na Praça XV, na cidade do Rio de Janeiro. A ideia é que seja um espaço aberto para visitas da população, buscando trabalhar junto à comunidade temas como saúde, ciência, educação, cultura e meio ambiente.

Sim, que iniciativas como esta surjam e se aumentem no país e no mundo para que possamos ressignificar as nossas memórias e histórias, encontrando consolo, graça e favor junto à Deus, à família, aos amigos e na sociedade. Que possamos abraçar a vida e as pessoas, fazendo do nosso mundo um melhor lugar de se viver. Que possamos nos dedicar a viver de tal modo que as pessoas ao olharem para nós se alegrem por nos ver engajados na missão de recuperar o que se perdeu neste tenebroso tempo. Que Deus nisto nos abençoe.

Compartilhe esse post

Dúvidas? Ajuda? Fale Conosco!

Ficaremos felizes em ajuda você. Contate-nos

Mais Posts

Quer fazer uma Consulta?

Click no botão abaixo